Banksy Bang (2010)
Concebido pelo intérprete Ricardo Gali, que dividiu a direção com Nathalia Catharina, o espetáculo tem inspiração nos grafites de Banky Bank, inglês cujas obras podem ser vistas pelas ruas de Londres, de Bristol (sua cidade natal) e nos seus trabalhos em estêncil – todos eles marcados por forte crítica social. Outras fontes a dialogar nessa “dramaturgia coreográfica”, fruto da imersão pesquisadora de Gali ao lado de Jerônimo Bittencourt, é o texto Hamletmaschine, de Heiner Muller, e o Terrorismo Poético de Hakim Bey.
Nesta dança-teatro, para compor os personagens, os intérpretes buscam referências no clown, artes plásticas, fotografia e (claro) teatro. A coreografia coletiva foi criada enquanto o texto era dito pelos três.
“Tentamos reproduzir no corpo as qualidades presentes na narrativa. Em alguns momentos, como o solo de Ofélia, trabalhamos a dança inspirada na sequência de imagens do texto”, diz Nathalia Catharina.
Inspirada no punk-rock, a trilha sonora criada e editada pelo cantor Dan Nakagawa é eclética. Reúne duas músicas compostas especialmente por ele e faixas de artistas como a cantora Diamanda Galás (AmazingGrace) e a banda Beastie Boys.
Para dar uma “quebrada”, há um momento disco divertido, com Village People, para o solo gogo dancer de Horácio, e movimentos clownescos executados por Ofélia. O corpo da intérprete é fotografado por Horácio e desenhado por Hamlet no chão com giz como nos assassinatos (remetendo à arte de rua).
A iluminação tem influência do trabalho de Banksy. Foi feita uma pesquisa de desenhos tanto na construção da luz no corpo dos atores como no chão, criando dimensões como as propostas por ele em seus trabalhos outdoors. “O desenho de luz tenta reproduzir a rua, valorizando o espaço da encenação, um estacionamento no subsolo, fora da caixa preta”, fala Aline Santini.
Baseado na estética punk e em grafites de Banksy, o figurino urbano de Joana Salles dialoga com a luz e com a trilha sonora. Traz para o contemporâneo o visual nobre de Hamlet e Ofélia. Vestidos com tons de cinza e cores fortes, os dois personagens entrelaçados garantem um dos instantes mais poéticos da dança-teatro – ao som de Liszt.
Video
Ficha técnica
Concepção Ricardo Gali
Direção Nathalia Catharina e Ricardo Gali
Assistência de direção Débora Sperl
Intérpretes Jerônimo Bittencourt, Nathalia Catharina e Ricardo Gali
Iluminação Aline Santini
Trilha sonora e sonoplastia Dan Nakagawa
Figurino Joana Salles
Colaboração cênica Clara Rubim
Produção Executiva Cau Fonseca
Fotografia, videomaker e edição de vídeo Fábio Furtado