“O que vem depois do sacrifício?” Foi essa a pergunta de base que acompanhou os artistas durante a criação dos oitos solos de “Pós-Sacre”. O momento, ainda de pandemia e incerteza em que o processo se deu, certamente trouxe sentidos mais atuais ao termo “sacrifício”. Originalmente, a pergunta se voltava à célebre obra concebida por Igor Stravinsky, com coreografia de Vaslav Nijinsky, em 1913, “A Sagração da Primavera”, marco da modernidade. Curiosamente, nesse ballet se encenam ritos e danças de uma comunidade ancestral, que culmina na morte ritual de uma virgem. E depois, o que acontece? O que é sacrificar? Em que momento um sacro ofício, um fazer sagrado, perde a conexão e se torna gesto vazio, ou sinônimo de sofrimento? Indo adiante na pergunta: o que é o sagrado e o profano, e em que medida ainda fazem sentido em nosso tempo tão pós-pós-moderno? Por último, o que cada um quer sacrificar – tanto nas acepções daquilo a que decidimos pôr fim quanto na de oferecimento a uma dimensão que é maior do que nós? Os solos que foram criados em resposta pretendem ser um primeiro passo nessa pesquisa. Concebidos ainda à distância, em inúmeros ensaios por videochamada, ganharam corpo no corpo de cada artista, para então se verterem, interpretados, em vídeo novamente. Esperamos que essa pergunta, e algumas das possíveis respostas que propomos, ressoem. E que o nosso sacrifício coletivo, neste tempo de novas angústias globais, não seja em vão.
Serviço
De 08 a 12 de dezembro, às 19h
Parte 1
Danielli Mendes
Daniela Moraes
Lucas Delfino
Rafaela Sahyoun
De 08 a 12 de dezembro, às 21h
Parte 2
Carolina Canteli
Jean Valber
Layla Bucaretchi
Flora Barros